A Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed) abriu um debate para o futuro da educação no estado com o anúncio de uma consulta pública para determinar a adesão de 127 escolas estaduais ao modelo dos colégios cívico-militares. Este movimento, que afetará diretamente cerca de 80 mil alunos, é tanto uma oportunidade quanto um desafio para a educação paranaense.
A consulta, prevista para os dias 28 e 29 de novembro, envolverá professores, funcionários, pais e alunos maiores de 16 anos, com um processo decisório que colocará a escolha nas mãos da comunidade escolar. Esta abordagem democrática é louvável, pois respeita a autonomia e as particularidades de cada instituição de ensino. O direito ao voto, limitado a um responsável por aluno menor de idade, garante que todas as famílias tenham voz equitativa na decisão.
No coração deste debate está o modelo cívico-militar de ensino, uma proposta que tem gerado discussões acaloradas em todo o país. O governador Ratinho Junior defende o modelo como uma abordagem que prioriza a cidadania e a qualidade do ensino, livre de ideologias. O Paraná já lidera o país com 206 unidades neste modelo e busca dobrar esse número. Contudo, essa expansão rápida suscita questões importantes sobre a diversidade de métodos de ensino e a adequação do modelo às necessidades específicas de cada comunidade.
O secretário estadual da Educação, Roni Miranda Vieira, enfatiza a importância da decisão da comunidade escolar, garantindo que a voz de pais, alunos e professores será soberana. Esse respeito pela opinião da comunidade é fundamental, mas também levanta questões sobre a preparação e os recursos disponíveis para as escolas que optarem por esse modelo. A inclusão de militares da reserva no ambiente escolar é uma mudança significativa e requer cuidadosa consideração sobre o impacto na cultura escolar e nos métodos pedagógicos.
A expansão dos colégios cívico-militares pode trazer melhorias na disciplina e no desempenho acadêmico, como defendem seus proponentes, ou pode desviar o foco de abordagens pedagógicas mais holísticas e inclusivas. A decisão que as comunidades escolares estão prestes a tomar não é apenas sobre um modelo de ensino; é uma escolha sobre a visão de futuro que queremos para a educação no estado.
Este editorial não pretende endossar um lado ou outro, mas sim enfatizar a importância de uma decisão informada e considerada, levando em conta as necessidades e expectativas de cada comunidade escolar.
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