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Opinião Editorial

O novo amanhecer da indústria 

Por um lado, há um vislumbre promissor de modernidade e alinhamento com diretrizes globais essenciais para o futuro. Por outro, persistem ecos de uma abordagem que não se provou plenamente eficaz.

27/01/2024 19h42
Por: Tribuna
O novo amanhecer da indústria 

A nova política industrial recém-anunciada pelo governo Lula, batizada de Nova Indústria Brasil, ilumina o cenário econômico do país com uma chama de esperança e inovação, ao mesmo tempo em que traz à tona sombras de um passado questionável. A iniciativa se destaca ao privilegiar setores vitais para o desenvolvimento futuro, como a inovação tecnológica, a transformação digital e a bioeconomia, focando especialmente na transição energética. Este é um passo audaz e necessário, alinhado com as tendências globais e demandas urgentes de nosso tempo.

Contudo, o otimismo gerado por essas diretrizes modernas e alinhadas com um futuro sustentável é temperado pelo ceticismo que emerge das reminiscências de políticas passadas. A recorrência de estratégias já conhecidas, como as cotas de conteúdo nacional e a crença no papel do BNDES como catalisador do desenvolvimento econômico, reaviva memórias de tentativas passadas que não se materializaram em sucesso tangível. Essa persistência em fórmulas que não provaram sua eficácia no passado levanta questionamentos legítimos sobre a capacidade da Nova Indústria Brasil em ultrapassar velhas barreiras e realmente impulsionar o país em direção a uma nova era de prosperidade industrial.

O estabelecimento de metas ambiciosas para 2033 é um elemento que merece reconhecimento. A definição de objetivos claros é fundamental para qualquer política pública, funcionando como bússola para a ação governamental e como métrica para a avaliação posterior de seu sucesso ou fracasso. Entretanto, a viabilidade de algumas dessas metas, bem como a dependência de fatores externos ao controle governamental, coloca em xeque a possibilidade de sua concretização plena.

Por outro lado, a decisão de não recorrer a novos incentivos fiscais setoriais representa um passo positivo e pragmático, alinhado com o ideal de uma reforma tributária mais ampla e racional. Este enfoque sugere um compromisso com uma gestão econômica mais sustentável e técnica, distanciando-se das práticas de concessões motivadas por pressões políticas em vez de critérios técnicos sólidos.

A Nova Indústria Brasil se posiciona, portanto, em um limiar delicado. Por um lado, há um vislumbre promissor de modernidade e alinhamento com diretrizes globais essenciais para o futuro. Por outro, persistem ecos de uma abordagem que não se provou plenamente eficaz. O sucesso dessa política dependerá da habilidade do governo em aprender com o passado, adaptar-se às realidades do presente e, sobretudo, em se comprometer com uma execução que vá além das narrativas e se traduza em resultados concretos para a economia e a sociedade brasileira.

 

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