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Opinião Editorial

Diplomacia testada

Embora seja legítimo criticar as ações israelenses, compará-las ao genocídio nazista é inaceitável e ofensivo.

26/02/2024 14h25
Por: Tribuna
Diplomacia testada

Tradicionalmente, o Brasil é reconhecido por sua postura acolhedora para com imigrantes de diversas origens, o que tem contribuído para um papel equilibrado da diplomacia brasileira nos conflitos do Oriente Médio. No entanto, declarações recentes do presidente Lula, especialmente comparando ações de Israel na Faixa de Gaza com o Holocausto, provocaram controvérsias e críticas, incluindo acusações de antissemitismo.

Lula criticou Israel por sua resposta aos ataques do Hamas, chamando-a de desproporcional e, em uma declaração polêmica, comparou a situação em Gaza com o Holocausto, o que gerou uma resposta positiva do grupo Hamas nas redes sociais. Essa comparação foi amplamente condenada, sendo vista como uma ofensa à memória das vítimas do Holocausto e uma banalização de seus horrores. A posição de Lula contrasta com seu discurso anterior na União Africana, onde condenou ataques contra civis israelenses e a resposta de Israel, enfatizando a necessidade de humanismo.

Embora seja legítimo criticar as ações israelenses, compará-las ao genocídio nazista é inaceitável e ofensivo. Além disso, Lula se baseou em números fornecidos pelo Hamas, que diferem significativamente dos fornecidos por Israel, para discutir o impacto do conflito em Gaza, destacando a complexidade da situação e a dificuldade em encontrar comparações históricas precisas.

A controvérsia se estende para além de Lula, com exemplos de antissemitismo dentro do partido do governo, incluindo declarações que pedem boicotes a empresas de judeus e comparações ofensivas que equiparam israelenses a ratos. Essas manifestações são criticadas por perpetuar ódios e preconceitos incompatíveis com os valores democráticos.

Há de se considerar a ação movida pela África do Sul na Corte Internacional de Justiça, acusando Israel de violar a Convenção do Genocídio, uma posição que o Brasil apoiou. Essa atitude é vista como um desafio à postura tradicionalmente equilibrada do Brasil. Apenas um pedido de desculpas inequívoco de Lula pode reparar o dano causado por suas declarações e restaurar a imagem do Brasil no cenário internacional. Mas, isso, Lula parece que não vai fazer.

Paralelamente ao desgaste internacional diante da declaração infeliz, Lula ainda enfrenta uma crise interna. Essa semana correu uma lista no Congresso Nacional coletando assinaturas de deputados para a abertura de um impeachment contra Lula. O pedido argumenta que Lula, ao emitir a declaração, “cometeu hostilidade contra nação estrangeira”, “comprometeu a neutralidade” do País e expôs o Brasil a “perigo de guerra”.

Apesar do desgaste, dificilmente o pedido irá prosperar. Independente do número de assinaturas, a análise para o prosseguimento da solicitação cabe ao presidente da Casa, posto hoje ocupado pelo deputado Arthur Lira. Quando Jair Bolsonaro era presidente, inúmeros pedidos de impeachment chegaram até Lira e ele não deferiu nenhum.

 

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